Professor,
Não me peça que não romantize seu ofício. Meu eu-lírico não suportaria. Não me peça que não idealize sua existência. Meus sonhos não sobreviveriam. Não me peça que não deposite em você todas as minhas esperanças de um mundo de gente melhor. Minha fé não resistiria. Não me peça que te enxergue como gente comum. Meus olhos nunca mais se abririam.
Não me peça que aceite que lecionar é profissão. Meu conceito de devoção se apagaria. Não me peça que acredite que são frias as paredes da sua sala. Minha crença na vida eterna se enterraria. Não me peça que ignore essa sua capa de herói. Minhas histórias morreriam mudas. Não me peça me considere truque, a mágica do pó do seu giz. Minha magia se entediaria. Não me peça que finja que não sei que você sorri distraidamente quando seu aluno te surpreende. Minha definição de orgulho sumiria. Não me peça que desconsidere os valores que você carrega. Minha ideia de construção ruiria. Não me peça que esqueça que seu coração bate por cada aluno. Minha inspiração secaria. Não me peça que não acredite nos seus olhos marejados. Minha imagem de mestre borraria.
Professor, suas palavras são eco no vazio de tantas vidas. Sua presença é farol em estradas escuras. Sua memória é gratidão em almas desacreditadas. Seu ofício é ato de fé! Seu nome é milagre escrito em outras histórias!