Faz tempo que me pede, já brava, um poema para o seu nome. Mas, gente, existe poema por encomenda? Por aqui, a arte fui de inspiração ou mera psicografia soprada sabe-se lá de onde. Mas como convencer uma mãe de que ainda não chegou a sua hora? Certamente, pela cabeça dramática da minha (e acho que de todas), passam questionamentos sobre ser especial, sobre inspirar versos bonitos, sobre ser assunto relevante e mais um tanto de dúvidas inexplicáveis, que só as mães inventam.
O fato é: como descrever em palavras a imensidão de uma mãe? Como nadar no mar de significados, mergulhar e voltar à superfície de suas águas profundas, no breve espaço de um poema? Como dizer a ela, e ao mundo, de maneira poética, que a existência dela é, por si só, a poesia de uma vida inteira? Ah, minha mãe, mas é por puro medo (talvez um tanto de pavor também) que as palavras que a descrevem permanecem não ditas.
Ela, a que me pegou pela mão e me ensinou a segurar o lápis, firmando, na ponta dos dedos, os sonhos que eu desejava contar. Ela, a que me mostrou as letras e me permitiu descobrir a magia que ainda hoje me seduz nas palavras. Ela, a que me ensinou mergulhar mais fundo no sentido da fala, do olhar e do silêncio. Ela, a que aplaudiu meus rabiscos inconscientes, porém tão cheios de afeto. A que incentivou minhas inúmeras histórias fantásticas e a minha irrestrita imaginação. Ela, a que se viu sempre realizada em cada pequeno feito meu!
Como derivar palavras de um pequeno nome que já carrega o sentido de todo o meu silêncio? Quer mesmo saber o significado do seu nome? É mãe e isso basta!